segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Uma Breve Introdução




Para desenvolver nosso trabalho tivemos como ponto de partida e suporte o livro ROTA 66 – A Policia que mata de Caco Barcellos e, a cada linha, nos surpreendemos a vermos surgir diante de nós um submundo grotesco que estava além de nossa imaginação e conhecimento.

Já no começo de suas 350 paginas, nos deparamos com uma tragédia que revela a cruel realidade que vai ser exporta durante o livro. Uma incansável perseguição dos policiais militares a um fusca azul
na zona nobre de São Paulo, uma cena marcante, que gera sentimento de revolta, mas que representa apenas mais um dia de trabalho dos Policiais da Rota 66.

Além de relatar histórias de casos, pessoas famílias que infelizmente tiveram suas vidas marcadas pela violência da Rota 66, Barcellos nos apresenta com riqueza de detalhes, o trabalho árduo e perigoso de um jornalista investigativo. Um profissional que é quase um justiceiro, munidos de “papel e caneta” sua arma mortífera, ele denuncia situações muitas vezes desconhecidas, ou escondidas por um jogo de interesses. Descobrimos como o trabalho do jornalista deste gênero é grandioso, mesmo com tantos desafios. Percebemos também, um mundo de incertezas, onde você escolhe correr riscos por um bem maior.

Como o trabalho do jornalista de investigação, buscamos em nosso trabalho encontrar e transmitir a verdade, ouvir e compreender os dois lados da história, o lado dito como mal e as vitimas. Será que todos os Policiais traem seus juramentos? Conversamos com oficiais sobre o dever da policia, seu dia-a-dia, como trabalham e seu valor perante a sociedade. Ouvimos também civis, pessoas comuns que nos relataram suas experiências e insatisfações em relação a policia.

Não chegamos à conclusão sobre onde se encontra a raiz do mal, ou o que leva uma pessoa matar ou morrer. Mas sabemos que nem todos os policiais adotam a mesma postura dos que são citados no livro, e que a maioria cumpre e dedica toda sua vida ao lema de sua profissão: manter a paz e a ordem. Arriscando todos os dias suas vidas para fazer seu papel, e são extremante desvalorizados, ganhando salários muitos baixos e totalmente desproporcionais a sua importância e trabalho.

Mas também sabemos que há muito que melhorar e que a policia deixa ainda a desejar em muitos aspectos, talvez por falta de treinamento, recursos, motivações, enfim, para mudar essa realidade não adianta apontar o certo ou o errado, mais fazer um trabalho em conjunto envolvendo todo o sistema.

 Rafaela Almeida.

Como Se Faz Jornalismo Investigativo

O papel do Repórter Investigativo não é fácil. Buscar pistas, relatar o que é feito de modo ilícito, mostrar ao mundo o que está sendo feito em segredo. Existem muitos obstáculos, pouco apoio e sobra vontade de escrever.



A Força Policial

Os Boinas negras, é assim que os policiais militares da tropa de choque de São Paulo, do batalhão das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA), são conhecidos. Seu lema: “Dignidade acima de tudo”, sua doutrina: "Nós, Policiais Militares, estamos compromissados com a Defesa da Vida, da Integridade Física e da Dignidade da Pessoa Humana."
O nome Tobias Aguiar é antigo, surgiu de um homem partidário das idéias liberais, que armou e equipou de seu próprio bolso, uma força para lutar contra as forças portuguesas na época da independência do Brasil. Político e Militar, ele foi presidente da Província de São Paulo, e é considerado o patrono da polícia militar de São Paulo.
A Rota foi criada durante a ditadura militar, com a função de patrulhar a cidade e trazer segurança para a população, combatendo as guerrilhas armadas que lutavam contra o governo da época. Mesmo com o fim da ditadura, a força policial permaneceu, desta vez contra o crime organizado e a perturbação da sociedade.
Formada hoje por um contingente de 800 policiais, a Rota entra em ação contra missões de alta periculosidade, em que uma força altamente treinada é necessária para controlar a situação.
Com anos de história, a Rota participou de diversos conflitos. No livro Rota 66, escrito pelo jornalista Caco Barcellos, ele aborda o alto índice de letalidade nas ocorrências em que o batalhão de choque foi acionado, esses índices são uma das maiores causas das polêmicas que cercam o batalhão. Caco Barcellos intitula seu livro com a frase “Rota66 – A polícia que Mata”.
Em sua pesquisa para escrever o livro, Caco analisou o trabalho da polícia durante os anos de 1970 à 1992, e estimou que a RoTa matou cerca de 8 mil pessoas nesse período, dessas oito mil pessoas, acredita-se que 680 eram crianças entre 8 e 11 anos.
Um dos casos mais famosos da atuação do batalhão, foi em 1992, quando um grupo de  presos rebelaram-se na cadeia Carandiru. O caso ficou conhecido como “Massacre do Carandiru” com 111 presidiários mortos. Na época, a Rota foi acusada de 80% das mortes.
Alguns dos comentários do YouTube
Hoje a Rota continua atuando em São Paulo, combatendo a chamada “guerrilha urbana”, há quem seja a favor de seus métodos e quem seja contra, em um vídeo postado no site youtube - http://www.youtube.com/watch?v=DrXzIbRvoZo  - é possível analisar diversas opiniões a respeito do batalhão de choque da polícia militar de São Paulo.
Nos dias de hoje, com a violência cercando as pessoas cada vez mais de perto, causando o medo e a angustia de ter que escolher entre ficar trancado entre quatro paredes ou sair nas ruas, é necessário uma força para causar no cidadão a sensação de segurança. Resta saber, se para que essa segurança seja alcançada, não há uma grande interferência na doutrina da própria polícia: "Nós, Policiais Militares, estamos compromissados com a Defesa da Vida, da Integridade Física e da Dignidade da Pessoa Humana." Não cabe a nenhum ser humano escolher quem vive e quem morre.

Taciana Sousa

domingo, 27 de novembro de 2011

Rota 66 - A História da Polícia que Mata

Lançado em 1992, o livro de Caco Barcellos é tido como referência quando se trata de livro-reportagem.





Ouça uma reportagem radiofônica sobre o Rota 66.
                                                                                                  
"Se eles vem com fogo em cima é melhor sair da frente. Tanto faz, ninguém se importa se você é inocente."
                    Veraneio Vascaína - Capital Inicial

                                                                                                                                       Marina Lima

Quando o poder sobe à cabeça




Blog contra a violência policial.
Muitos sonham em se tornar Policiais, para proteger e cuidar das Cidades e de seus moradores. Muitos também acreditam em tudo o que vêem, e acham cegamente que todos os Policiais e “defensores da lei” são imunes a erros.
A mídia não diz, quem sabe finge que não vê e quem faz, nega. Mas o fato é que existem centenas de PM’s por ai que não tem tanta fé na verdadeira missão da Polícia. O perigo nisso é o fato de ser tudo muito obscuro. Por exemplo, os políticos roubam e quase todos sabem, e alguns reclamam. Atualmente, passeatas e manifestações têm tomado maiores proporções no Brasil, e isso pode acabar assustando os corruptos. O que diferencia quando comparamos a casos de corrupção policial, é que quando falamos da Polícia, o Civil tem medo contar o que sabe.
O fato é que acontece, sim. E com mais frequencia do que podemos imaginar. Alguns têm coragem de falar tudo o que sentem e sabem, como o caso do Jornalista Caco Barcellos, que escreveu o livro rota 66.
Cena da polêmica na USP - 2011.
ROTA: Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar: Foram criadas para combater a guerrilha no Estado de São Paulo, na década de 70. Muitos são os casos de assassinatos, espancamentos e agressões em geral de Policiais das ROTAS. Esses casos nem sempre são comprovados, e o que espanta nessa história toda é imaginar que quem devia te proteger, pode simplesmente um dia resolver te matar, por você ser negro, pobre... Ou simplesmente por você existir.
            Existem casos que são verídicos e comprovados, como os citados no livro de Caco. Muitas pessoas inocentes, que estavam no lugar errado, na hora errada, acabam sendo alvo de policiais nos quais o poder subiu à cabeça. Claro que muitos são “culpados”, não são só os inocentes que são pegos. Mas a morte é mesmo a solução? E se for, é o policial que tem o direito de decidir quem morre e quem vive?
                                                                                                                
  Nara Rattes

O que é um livro-reportagem?




A Sangue Frio, Capote.
              Uma narrativa rica em detalhes que prende a atenção devido a uma sequência de fatos reais, que leva o leitor a uma reflexão sobre o tema proposto. A obra vai além do que é abordado na mídia tradicional e, para isso, o autor faz intenso trabalho de investigação. O livro escrito por Caco Barcellos, Rota 66: A polícia que mata, se encaixa neste perfil.
           Para ampliar o conhecimento do leitor,  o autor faz uma grande investigação durante um período de pesquisa, visando aprofundar o tema abordado. A narrativa deve ser bem detallhada a partir de levantamento de dados, de números, de informações e fontes,  para dar mais credibilidade à obra.
Rota 66, Caco Barcellos.
        O livro-reportagem transita entre a literatura e o jornalismo. Literário porque o autor conta uma história a partir de fatos cotidianos, não seguindo as regras do jornalismo, pois ao apurar os fatos, o jornalista deve se manter imparcial em seus textos, já no livro o autor pode tomar partido e defender o tema abordado. Entretanto, o livro não foge da função jornalística, pois a partir de uma investigação e da abordagem de um tema proposto com fatos reais, o livro tem a função de informar o leitor e deixá-lo consciente do que ocorre na sociedade.
        O tema não precisa ser atual, mas que cause alguma repercussão na sociedade, podendo ser um tema que, no passado, não teve sua merecida cobertura jornalística. Biografias, temas históricos, memória e assuntos polêmicos podem virar um livro-reportagem.
         Em em "Rota 66: A polícia que mata", Caco faz uma denúncia ao mostrar o outro lado da realidade. A obra mostra toda a violência policial entre os anos 70 a 92, durante e após a ditadura, abordando ainda a discriminação que existe na periferia.
         Resultado de sete anos de pesquisa, além de mostrar essa realidade que nos leva a uma reflexão, Caco aborda em seu livro o fascinante trabalho do jornalista. “Rota 66” é um livro-reportagem que ensina muito sobre o jornalismo investigativo. O autor detalha todo o processo de pesquisa para a conclusão de seu trabalho, mostrando o seu dia-a-dia, ao fazer a apuração dos fatos e os desafios que o profissional enfrenta.


Tainah Castro